No meu caso, que sigo a carreira dos Muse desde 2001 (a partir do momento que ouvi a Sober no jogo do Gran Turismo 3 para a PS2), cheguei ao Estádio do Dragão por volta das 6.30h da manhã a pensar que ia chegar já um pouco tarde, deparei-me com uma certa quantidade de tendas ao lado do estádio. Contactei com alguns dos senhores (e senhoras) de tal proeza e disseram-me que já estavam lá desde o meio-dia de 9 de Junho!
Havia pessoas de todas as nacionalidades, pelo menos os que ficaram comigo desde que cheguei tinham histórias incrédulas para contar! Conheci o David, um espanhol de 19 anos do norte de Espanha que veio ver o concerto (pois infelizmente não conseguiu ir ao concerto em Espanha) sem os país saberem de nada, pensando que este se encontrava em Madrid a festejar com os amigos.
Conheci também uma britânica com cerca de 50 anos que em 4 anos assistiu a 85 concertos dos Muse, (84 na fila da frente!). Haviam também muitos outros, principalmente os que foram acolher a banda ao Aeroporto, mas estes na minha opinião devem ser os mais bizarros!
Fui logo informada de que iria haver uma surpresa, um flashmob para o Matthew, nas bancas todos teriam um papel branco de forma a fazer as palavras "Happy B-day Matt!" que fez anos a 9 de Junho, ou seja no dia anterior. Por acaso já tinha conhecimento, desse evento através do Facebook, por uma equipa de voluntários que pensou nesta fantástica ideia. Por acaso a primeira pessoa que conheci mal cheguei ao dragão, foi a Jessica, uma das pessoas que se voluntariou para ajudar e que também já tinha estado no aeroporto á espera da Banda.
Depois disso foi aguardar até as 16.30h para a abertura de portas que estava marcada para as 16h.
Tal como tinha dito no post anterior, supostamente é proibido entrar com comida e como fui a 13ª pessoa a entrar para a porta 21, fui revistada e tiraram-me tudo o que puderam da mochila. Mas as pessoas que estavam mais para trás conseguiram trazer muita comida para dentro do estádio. Não foi muito justo, mas o que se pode fazer? A confusão era tanta á entrada que acabo por compreender a parte dos seguranças. Depois de passarmos as revistas chegamos aos check tickets. Mais uma vez, ficamos cerca de 15 minutos á espera. Era notório o estado de loucura em todos os que lá estavam, tudo queria entrar e ser o primeiro a chegar ao palco para ficar na frente. Foi nesse momento que me apercebi que estava um senhor com os seus 55-60 anos na fila, juntamente com uma faixa etária dos 17 aos 25 anos à sua frente. São coisas que para um fã são tocantes, e reflectem a qualidade da banda (apesar desde 2 últimos álbuns serem um pouco diferentes do que os fãs iniciais estão habituados).
Quando os seguranças dão autorização, começa novamente a corrida desenfreada, todos chocavam uns contra os outros e apenas havia 2 escadarias para acolher 3 portas. A destacar a importância dos seguranças que se encontravam de 4 em 4 metros a tentar acalmar as correrias de forma a que ninguém caísse e se magoasse a sério.
Consegui ficar no corredor do palco esquerdo mesmo á frente, pois foi-me dito que os melhores locais seriam no vértice do palco com o corredor no lado esquerdo ou no circulo final do corredor.
A partir daí o estádio foi enchendo aos poucos.
Depois restou mais uma longa espera até às 20h. O estádio ficou bem mais composto.
Existia algum receio inicialmente, pois o evento para desejar um feliz aniversário ao Matt tinha ainda incompleto as letras Y e M.
Depois de muita espera é anunciada uma mensagem nos ecrãs do palco, vinda dos Muse:
"Estamos muito contentes em vos mostrar este video feito por fãs portugueses!"
Começa então a ser exibido o videoclipe da Animals, criado por estudantes de arte portugueses Inês Freitas and Miguel Mendes (onenessteam) que ganharam o concurso feito pelos próprios Muse.
Mal acaba a exibição do videoclipe, entram os We are the Ocean, uma banda britânica de post punk escolhida para fazer a primeira parte.
Na minha opinião não foi uma grande escolha, pois era notório no público a falta de conhecimento relativo a esta banda. Nem eu os conhecia, limitei-me juntamente com todos a fazer o que o vocalista pedia, que era basicamente bater palmas. Houve uma parte em que pediu para o público repetir com ele uma frase de uma música, que se não me engano era a "Waiting Room", que consistia no seguinte: "Let go and then I lose control" e da parte do público saiu um "Let go nanananana lose control" que eventualmente até o vocalista se riu, mas no fim acabou dizendo que fomos umas das maiores plateias que já tiveram. Verdade ou não? Não faço ideia. Mas na minha opinião não vingaram, não conseguiram puxar muito pelo público.
Depois de estes terem terminado a sua actuação, o público ficou mais 50 minutos á espera. Ainda havia gente a entrar no estádio e este ainda não se encontrava cheio, havia muitos lugar vazios. A destacar, as 11 ondas consecutivas em todo o estádio.
Ao aproximar-se as 21.30h, era notório a diferença de lugares ocupados. Informaram-me que se encontravam no estádio entre 45 a 50 mil pessoas.
Ás 21.40h iniciou-se o concerto dos Muse, com a famosa intro por parte de uma jornalista a falar da situação económica mundial, com um espectáculo pirotécnico expulsivo a acompanhar.
O alinhamento foi o seguinte (um pouco diferente do que tinhamos anunciado a semana passada, mas também era apenas uma probabilidade):
Supremacy (Extended intro)
Supermassive Black Hole (Rise Against the Machine Revolver outro + Happy B-Day Matt Flashmob)
Panic Station
Bliss
Resistance
Animals
Knights of Cydonia (Man with a Harmonica Intro)
Dracula Mountain (versão de Lightning Bolt)
Sunburn
Interlude
Hysteria
Monty Jam
Feeling Good
Follow Me
Liquid State
Madness
Time Is Running Out ( House of the rising son intro)
New Born
Unintended
Guiding Light
Undisclosed Desires
Encore:
The 2nd Law: Unsustainable
Plug In Baby
Survival
Encore 2:
Uprising
Starlight
No final da Supermassive Black Hole é então entoado um cântico de parabéns em inglês em uníssono por parte de todo o público e erge-se no ar através de folhas brancas a mensagem "Happy B-Day Matt":
Temos também aqui um video que tem uma pequena parte da Supermassive, o flashmob, Panic Station e Bliss.
E já tivemos uma reacção por parte do Matt, no seu Twitter com o seguinte:
Seguidamente ao flashmob, iniciou a Panic Station, com caricaturas de varias personalidades, como Obama, Cristiano Ronaldo, Merkel, Holland, Putin, entre outros, a dançar ao som da música intercaladamente com 2 sapos a tocarem saxofone.
Bliss levou o publico ao delírio, uma das primeiras músicas dos Muse, do álbum "Origin Of Symmetry", antes da sua ascenção a nivel mundial. Depois de algumas músicas, surge a Animals, que ficou marcada por um espectáculo artístico. Nos ecrãs do palco surgem diversos homens engravatados e ganancioso, era notório, seriam um género de políticos ou Big Bosses, aparecem também os valores da bolsa da Nasdaq nos ecrãs com valores a verde e vermelho. Entra então, quase no final da música um actor em palco (o mesmo que aparecia no video sendo o Bigboss), engravatado que distribui dinheiro pelo público e depois cai no chão morto após disparos de notas falsas que levam o público ao êxtase.
Consegui apanhar 3 notas, no inicio pareciam notas de 50 euros. Deixo aqui mais uma foto:
Após isso, o Chris sai do seu sitio (usualmente o flanco direito do palco), e vai a correr com uma harmónica na mão, ter com o senhor que estava deitado no chão, e começa a tocar a "Man with harmonica", bem conhecida por ser a introdução para a Knights of Cydonia.
"No one's gonna take me alive
Time has come to make things right
You and I must fight for our rights
You and I must fight to survive ."
No fim desta, Dom e Chris fazem um Jam, intitulado Dracula Montain, que não minha opinião não puxou tanto o público como a Helsinki Jam outrora tocada.
Antes de iniciarem a Sunburn é atirado um cachecol do FCP e uma bandeira de Portugal que foram prontamente apanhadas por Chris e Matt. Inicia-se Sunburn, uma reliquia em concertos ao vivo, que nos foi presenteada. Foi um pouco triste o facto de pouca gente saber a música, poucos eram os que a cantavam, comparativamente com a quantidade de gente dentro do estádio.
Houve mais um espectáculo artístico incluindo actores, como foi o caso de Felling Good, que qualquer pessoa da velha guarda prontamente reconhece (igualmente aconteceu com The House of Rising Sun).
Surge em palco uma mulher ao telefone, bastante zangada, que percorre todo o corredor, até encontrar uma bomba de gasolina, da qual começa a ingerir a gasolina (leia-se água) até desmaiar. Acaba assim a primeira parte do concerto.
Depois de mais algumas músicas, é exibida uma roleta russa com 2 opções "New Born" ou "Stockholm Syndrome". A roleta roda e saí "New Born", que é então tocada sem a intro em piano, que a tornou um pouco estranha, acho que é uma música que é desmitificada sem o piano...
Matt e Chris voltam a ir para o final do corredor, no circulo e iniciam a Unintended, as luzes do estádio apagam-se e todos ligam a luz do telemóvel. Um momento memorável. Mas mais uma vez poucas são as pessoas que sabem a letra desta música. No final é atirada mais uma bandeira de Portugal para cima do palco (no meio de muitas que caíram no separador entre o palco e o público) que é novamente recolhida por um dos elementos da banda.
Em Undisclosed Desires, apenas actuou com o microfone e desceu para a divisória público/palco onde cumprimentou diversos fãs, todos estavam ao rubro com tal momento!
Depois do encore, surge The 2nd Law: Unsustainable, onde aparece um robot com cerca de 4 a 6 metros, escolhido/desejado por Matt há uns meses no seu twitter, no meio do palco que interagem com todas a explusões que vão acontecendo ao longo do palco. (Na foto está o teste inicial ao robot antes de iniciarem os concertos)
No final de Uprising, Matt Bellamy parte a sua guitarra, mandando-a ao ar cerca de 5 vezes.
No final, é cantada a Starlight, terminando assim o concerto com todas as vozes em uníssono em todo o estádio, finalmente uma música que todos sabiam cantar.
Uma das cenas estranhas que aconteceram foi o facto de não tocarem a Blackout, mas penso que tenha sido por termos de segurança devido ás condições climatéricas.
No geral foi um concerto espetacular, que pode ser comparado a U2 ou até Madonna, mas temos que ter em conta que os Muse de hoje não são os Muse de há 10-15 anos atrás, é facilmente identificável que se viraram para um mundo mais comercial. Evoluiram. Positivamente ou Negativamente? Isso já dependem dos gostos de cada um.
Hoje em dia os lucros contam muito, mas uma das coisas que me vai intrigar é o facto de este ultimo álbum ser uma sátira ao mundo económico actual e os bilhetes serem colocados à venda a partir de 56 euros, num país mundialmente conhecido por estar em crise. Mas isso não deixou que o Dragão ficasse lotado e que muitos completassem um sonho.
Este foi o meu primeiro concerto dos Muse, era para os ter visto em 2006 no Rock in Rio, mas infelizmente tive um imprevisto. Saí do concerto completamente cansada mas feliz por ter assistido a um grandioso espectáculo.
Deixo aqui mais algumas fotos:
Espero que todos tenham apreciado este concerto como eu.
Cumprimentos.